A BUNDA, QUE ENGRAÇADA
Carlos Drummond de Andrade
1 A bunda, que engraçada.
2 Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
3 Não lhe importa o que vai
4 pela frente do corpo. A bunda basta-se.
5 Existe algo mais? Talvez os seios.
6 Ora — murmura a bunda — esses garotos
7 ainda lhes falta muito que estudar.

8 A bunda são duas luas gêmeas
9 em rotundo meneio. Anda por si
10 na cadência mimosa, no milagre
11 de ser duas em uma, plenamente.
12 A bunda se diverte
13 por conta própria. E ama.
14 Na cama agita-se. Montanhas
15 avolumam-se, descem. Ondas batendo
16 numa praia infinita.

17 Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
18 na carícia de ser e balançar.
19 Esferas harmoniosas sobre o caos.
20 A bunda é a bunda,
21 redunda.
Carlos Drummond de Andrade
1 A bunda, que engraçada.
2 Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
3 Não lhe importa o que vai
4 pela frente do corpo. A bunda basta-se.
5 Existe algo mais? Talvez os seios.
6 Ora — murmura a bunda — esses garotos
7 ainda lhes falta muito que estudar.

8 A bunda são duas luas gêmeas
9 em rotundo meneio. Anda por si
10 na cadência mimosa, no milagre
11 de ser duas em uma, plenamente.
12 A bunda se diverte
13 por conta própria. E ama.
14 Na cama agita-se. Montanhas
15 avolumam-se, descem. Ondas batendo
16 numa praia infinita.

17 Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
18 na carícia de ser e balançar.
19 Esferas harmoniosas sobre o caos.
20 A bunda é a bunda,
21 redunda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário