20 abril 2008

Ônibus 174


A primeira vez que eu assisti o Ônibus 174 ,lembro como se fosse hoje, estava no primeiro semestre de publicidade. Ele sem dúvida só agravou o que eu já achava antes, que tudo na vida é apenas uma questão de ponto de vista.
Eu considero esse filme uma obra - prima, e de uma inteligência fora do comum. Todos nós devemos conhecer pelo menos o fato que aconteceu no Rio de Janeiro do sequestro do ônibus, pela incessante transmissão na época e pela estranha maneira que virou uma espécie de entretenimento, entrando no horário da ''Sessão da Tarde'', fazendo todo o Brasil presenciar esse momento triste como se fosse um filme, sem pessoas reais envolvidas.
A sacada tão interessante nesse vídeo foi a maneira que a história foi contada, nos chamando para o fato que não existem só bandidos e mocinhas. Que tudo é muito mais complexo do que se imagina. Pela primera vez, alguém explicou os porquês ( que foram muitos ) que levaram Sandro Barbosa do Nascimento a entrar naquele ônibus no dia 12 de junho, e fazer de reféns os passageiros.
Durante todo o sequestro, as máscaras caem, e temas muito mais sérios vem a tona, como o despreparo policial (emocional e material) e a triste vida de Sandro, que nada mais é do que um retrato da grande maioria do nosso país...
O desfecho todos nós sabemos, Geíza, a professora cearense foi fatalmente atingida por um erro de um policial do BOPE, e Sandro muito nervoso, agredia aos policiais, e ao tentar supostamente tirar a arma de um dos policiais, foi morto asfixiado.
Mas observando muito antes, será que Sandro não tinha sido assassinado muito antes? Morrendo aos poucos desde o momento em que viu sua mãe ser morta, em todos os dias em que morou nas ruas, sendo apensa uma criança( tendo que aprender a sobreviver), por ter sido vítima do massacre da candelária...as perdas, a violência,o abandono, a invisibilidade...
Não entendo o mecanismo que faz com que sintamos pena de uns e odio por outros. Vejo a repercursão do caso de Isabela Nardoni, e o poder esmagador que a mídia reprensenta na maneira na qual sentimos, ou pior, na maneira na qual também somos capazes de não sentir nada( só indiferença) . E isso é assutador!
Sandro representa uma realidade triste que não queremos enxergar. Somos todos marionetes em um ciclo vicioso.
O fim de Sandro, e de todos os outros Sandros , infelizmente, já é traçado desde a o começo. Tudo aquilo já era previsível, um resultado da revolta diante de tamanha desigualdade, um bomba, que só não se sabe quando vai explodir.
Ele não morreu ali, ele já estava morto há muito tempo, morto por dentro, aquele foi só um último grito desesperado que dizia ''Eu existi''.

Gênero: Documentário
Tempo de Duração: 128 minutos
Direção: José Padilha
Co-direção: Felipe Lacerda
Produção: José Padilha e Marcos Prado
Co-Produção: Rodrigo Pimentel
Música: João Nabuco e Sasha Ambak
Fotografia: Cesar Moraes e Marcelo Guru
Pesquisa: João Alves e Fernanda Cardoso
Quantidade de Mídias: 1
Tamanho do Arquivo: 700Mb
Qualidade do Vídeo: DVDRip

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