O que os filmes Tropa de Elite, Carandiru, Cidade de Deus e muitos outros tem em comum é a temática que gira em torno de problemas sociais brasileiros que são presentes em nosso dia-a-dia, e de tão corriqueiros já viraram 'normais'. Eu já escutei várias vezes brasileiros aborrecidos falando que isso suja a nossa imagem no exterior, por isso que os 'gringos' tem uma idéia distorcida do nosso país. Eu me entristeço com essas declarações, pois eu sinto um vazio nessas palavras que não condiz com a realidade no Brasil, que é tão gritante e intrínseca na nossa sociedade que chegou a um ponto que não dá para esconder o número de mortos-vivos que esperam, debaixo de sol a sol, uma mudança ou até mesmo a morte (não dizem que no céu não tem pobreza, não tem dor nem tristeza?).
Para mim, esses filmes fizeram sucesso não só pelo show de encenação, mas porque a história é tão intensa que o sentimento dos atores transcende a arte, dá para sentir a revolta por trás das câmeras, um grito que fala '' Olha, eu vivo com isso, e eu não aguento mais...''; o problema, é que para alguns, isso é super exposição, nos deixa vulneráveis, e o espanto das pessoas no exterior ao ver esses filmes nos corta aos poucos mostrando o nosso comodismo a uma guerra civil escondida com comerciais de turismo que tentam mostrar um lado do Brasil que está sendo a cada dia mais camuflado por essa desigualdade social; termo velho mas que na prática continua a todo vapor, eu escuto essas duas palavras desde que comecei a minha vida escolar, eu vejo o que essas duas palavras significam a cada criança que eu via no sinal, a cada CPI, a cada vida perdida com violência emocional e física...
A verdade é que o Brasil é composto em sua maioria por uma classe média e baixa esmagadora, e que a elite não consegue mais esconder.
É uma relação de amor e ódio que nos deixa divididos entre as belezas naturais, carnaval, mulheres bonitas...e um povo que sofre, que perdeu a esperança.
É assustador assistir nossos irmãos terem se transformado em soldados suicidas sem razão para viver. É uma briga de bandido e mocinho em larga escala, onde não existem vencedores, mas pessoas cansadas, rodando em círculos atrás de uma saídas, mas de tão tontos, perderam o propósito, o porquê.
No final das contas, os filme dão uma sacudida na nossa consciência adormecida nos lembrando que isso existe, que essas pessoas precisam de atenção, que isso faz parte de você de uma maneira indireta ou direta. Não da mais para simplesmente fechar o vidro do carro, colocar grandes muros em volta da sua casa e ter o melhor sistema de segurança, pois nada disso vai te defender da verdade que entra dentro da nossa TV, dentro da nossa cabeça, e acorda o lado humano que existe em cada um de nós.
Sam Kelly
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