Dois estudos pioneiros, nas décadas de 1950 e 1960, foram fundamentais para diminuir essa distância. O primeiro, realizado na ilha de Koshima, no Japão, detectou que os macacos da região eram capazes de aprender novas técnicas para se alimentar a partir da mudança do hábito de um dos seus pares. A pesquisa revelou que um jovem macaco provocara uma pequena revolução na ilha ao passar a lavar a batata-doce num pequeno braço dágua antes de comê-la, ato que passou a ser repetido por três quartos de todos os macacos jovens da ilha. A descoberta provou que o homem não era o único a transmitir um comportamento socialmente adquirido não transmitido geneticamente nem aprendido individualmente.
O segundo estudo foi o da inglesa Jane Goodall que, ao conviver com chimpanzés na Tanzânia, provou que esses primatas tinham uma complexa vida social, uma linguagem primitiva com mais de 20 sons e a capacidade de usar diversas ferramentas para obter alimento algo considerado exclusivo da nossa espécie. Além disso, os pesquisadores sabem que mamíferos como baleias, golfinhos e elefantes conseguem aprender e ensinar.
Como até a ONU já reconheceu que não dá mais para tratar os grandes primatas como animais comuns (o secretário-geral da ONU Kofi Annan escreveu que, assim como nós, eles têm autoconsciência, cultura própria, ferramentas e habilidades políticas), é bem possível que, no futuro, o homem venha a descobrir que se comportou diante dessas espécies com a mesma arrogância das velhas teorias de superioridade racial.
Por Rodrigo Cavalcante
Tinha que relacionar essa matéria com Alex, o papagaio. Mas não é do tipo que se presta a qualquer piada não. Estudos desenvolvidos pela pesquisadora norte-americana Irene Pepperberg, da Purdue University, mostram que os papagaios-cinza africanos, da espécie de Alex, são muito mais do que simples repetidores de frases jocosas, sendo dotados de habilidades capazes de surpreender até o mais inteligente dos animais - nós.
A ave foi comprada em uma loja de animais em 1970 por Irene. Foram anos de pesquisa e hoje ele tem fama internacional e está presente em revistas científicas de todo o mundo. Entre outras habilidades, Alex é capaz de dizer qual o objeto diferente em forma e cor. Isto prova que ele pode fazer associações que não saõ apenas repetição de frases.
Ficou curioso para saber mais sobre Alex? Confira mais em sua fundação, a Alex Foundation
SIMPLES, MAS EFICIENTE
Observando a anatomia do cérebro dos papagaios-cinza africanos, os cientistas descobriram que há muitas semelhanças com o cérebro humano, embora o das aves seja bem mais simples. Regiões como o cerebelo, o córtex e o tálamo são comuns a ambos e apresentam-se bastante definidas.
As semelhanças não param por aí. Embora o sistema nervoso dos dois animais (homem e papagaio) sejam muito diferentes, eles têm funções similares. Quando papagaios aprendem novos sons, as estruturas ativadas são análogas às que são ativadas nos humanos.
Estudos também mostram que a região chamada de pálio é bem desenvolvida nessa espécie, o que auxilia em controles complexos do comportamento. Segundo essas pesquisas, quanto maior o pálio, mais inteligente o animal, diferencial importante dos papagaios-cinza africanos.
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