01 junho 2008

Poderemos vencer a morte?

A imortalidade está ao alcance da ciência ou a morte será a única barreira intransponível para o ser humano?

De certa forma, o homem já está ganhando essa batalha. No início do século 20, a expectativa de vida no Brasil era de pouco mais de 30 anos. Hoje, a média supera os 70. Ou seja: conseguimos duplicar o tempo de vida em cerca de um século.
Isso não significa, é claro, que estamos perto de alcançar o sonho da imortalidade. Para tanto, seria necessário encontrar uma forma de suspender os efeitos do avanço da idade. Mas será que, no futuro, as pesquisas genéticas poderão encontrar uma “cura” para o envelhecimento?
Por enquanto, o maior defensor dessa tese é o controvertido bioquímico Aubrey De Grey, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Ele defende que a expectativa de vida poderá ser estendida para até 1 000 anos nas próximas décadas e que a imortalidade, em breve, será mais uma escolha ética (já que a pressão populacional seria insuportável em um planeta em que ninguém morre) do que de viabilidade técnica. “Se o envelhecimento é um fenômeno físico em nossos corpos, o avanço da medicina poderá atacar a velhice da mesma forma que ataca as doenças”, diz o cientista. Para isso, ele diz que será necessário solucionar os seguintes problemas:
Combate à degeneração celular:
As células que formam os tecidos de órgãos vitais como o cérebro ou o coração deixam de se renovar após um tempo. Para evitar esse processo, seria necessário encontrar formas de estimular o crescimento e a reposição delas – algo que poderia ser feito, em tese, por transfusões periódicas de células-tronco projetadas para substitui-las.
Eliminação das células não desejáveis:
Novas tecnologias poderão combater a proliferação de células de gordura responsáveis por doenças como o diabete e de outros tipos de células danosas – como as que se acumulam na cartilagem das juntas do corpo. A dificuldade é eliminá-las sem danificar as células saudáveis.
Mutação nos cromossomos e nas mitocôndrias:
O câncer é o dano mais conhecido causado por essas mutações nos cromossomos. Para combatê-lo, será preciso eliminar as enzimas responsáveis pela resistência das células cancerígenas. As mitocôndrias, responsáveis pela produção de energia das células, também são suscetíveis a mutações que precisam ser eliminadas.
Acúmulo de lixo dentro e fora da célula:
O “lixo celular” é formado por resíduos da atividade celular e causa vários problemas, como arteriosclerose. Uma forma de combatê-lo é encontrar enzimas que devorem esses resíduos. Os fluidos onde as células estão imersas também acumulam materiais nocivos. Para combatê-los, é preciso encontrar uma forma de renová-los. Caso a medicina não consiga resolver esses problemas, outra saída seria contar com ajuda de máquinas, como nanorrobôs implantados em nosso corpo para limpar as células. Ou arrumar, em último caso, uma forma de transferir a nossa consciência para uma máquina. Essa alternativa é levantada pelo cientista e inventor americano Raymond Kurzneil, para quem, em algumas décadas, poderíamos fazer uma espécie de download de nossa consciência em um computador. Resta saber qual seria a vantagem de viver dentro de uma máquina.

Rodrigo Cavalcante

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