27 julho 2008

Itabaianinha e os anões


As crianças de Itabaianinha, a 120 quilômetros de Aracaju, costumam ouvir uma versão local da história da Branca de Neve. Em Itabaianinha, a heroína desmaia e é encontrada por sete "encolhidos". Ou, nas variantes mais eruditas, por sete "reduzidos". É assim que os moradores da cidade chamam os anões e não apenas os anões dos contos de fadas. Itabaianinha tem intimidade com pessoas diminutas. Há pelo menos 200 anos, é comum ver um batalhão delas andando pelas ladeiras da cidade. Hoje, existem 80 itabaianinhenses adultos com menos de 1,30 metro, índice assombroso para uma cidade de 32.000 habitantes. Carregando apelidos que até lembram Dunga e Soneca, dos sete anões, eles estão por todo lado. Tem Loirinho, o anão do bar, Zé Miúdo, da lanchonete, Toinho, do táxi, Lerinho, do frete, Joaninha, do supermercado, Totó, ex-vereador, Mundinho, da loja de telhas, Biata, da mercearia, Naí, o contador. Tem Purezinha, a piadista, Aninha, a risonha, Nanico, o menor de todos, Bagaceira, o mais feio, Dedé, a mais agitada, Pedrinho, o mais velho, Jacineide, a adolescente. E por aí vai. Depois de cinco anos de estudos, encontrou-se o motivo de tanta pequeneza como dizem na cidade ou da alta incidência de nanismo, como preferem os especialistas. Cientistas da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, descobriram que eles têm uma mutação no fator liberador do hormônio do crescimento, que fica no cromossomo 7.
É uma mutação que apareceu em alguns ancestrais dos "apequenados" em outra variável do glossário regional e foi transmitida por causa de uma característica local: os casamentos consangüíneos. Em Itabaianinha, a união de primos com primos e tios com sobrinhos é um costume tão arraigado quanto a cultura da laranja, a base econômica da região. Boa parte da cidade leva o sobrenome Nascimento ou Oliveira de Jesus. É um incesto light.



Valeriano Fonseca, 1,24 metro, o Lerinho, com a família. A caçula Valéria (de preto), 13 anos, toma hormônio e cresceu 18 centímetros







Nailton dos Santos, o Naí, 1,24 metro. Foi morar na cidade vizinha, Tobias Barreto, com as duas irmãs anãs: "Fazemos anões para exportação"





Dona Maroca, 1,68 metro, a matriarca do clã de anões, com três dos filhos nanicos e três netos normais: são trinta amiudados na família. Culpa do gene recessivo .



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Um comentário:

  1. prabéns pela reportagem, só mostra o valor escondido do nosso grande brasil!!!!!
    um abraço Danilo-SP

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