27 setembro 2008

Crise americana em linguagem de boteco


O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça, na caderneta, à fiel freguesia: todos bêbados, quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (essa pequena diferença é o custo que os pinguços pagam por ter crédito).
O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas do bar são, afinal, uma bolada a receber (que batiza brilhantemente de "recebível") e começa a adiantar dinheiro à bodega tendo o pendura dos pinguços como garantia.
Mais adiante, uns zécutivos financeiros, com dois emibiêi cada, utilizam os tais haveres do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, UFO, FDP, PQP, SOS ou qualquer outro sigla financeira que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.
Essas invencionices financeiras dos zécutivos gênios turbinam o giro do mercado de capitais e levam os patos, quer dizer, os investidores leigos, a fazer negócios derivados de outros negócios, e por isso se chamam brilhantemente de "derivativos”, que tem como base inicial o aquilo que todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu).
Esses 'derivativos' são negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de dezenas de países.
Isso até o dia que alguém descobre que os bêubo da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência, que não paga o banco, que não honra seus derivativos, etc, etc, etc...
E toda a cadeia entra em 'crise sistêmica'. Ou, como diria seu Biu: Sifu!

(Autor desconhecido)

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